terça-feira, 2 de junho de 2009

Entenda o que é a Energia Inteligente

Entenda o que é a rede inteligente
Em entrevista a Época NEGÓCIOS, o professor Antônio Marcos Campos, do Mackenzie, explica o que são essas novas redes e por que elas são importantes
Por Edson Porto
O professor Antônio Marcos Campos, do Mackenzie, é um dos pioneiros na discussão do conceito de smart grid, a rede inteligente, no Brasil. Ele faz parte do Núcleo de Observação Tecnológica das Empresas de Energia Elétrica, que discute as transformações no setor e como as redes inteligentes podem ser aplicadas no país. Nesta entrevista a Época NEGÓCIOS, o professor explica o que são essas novas redes e por que elas são importantes. O professor Antônio Marcos Campos, do Mackenzie, é um dos pioneiros na discussão do conceito de smart grid, a rede inteligente, no Brasil. Ele faz parte do Núcleo de Observação Tecnológica das Empresas de Energia Elétrica, que discute as transformações no setor e como as redes inteligentes podem ser aplicadas no país. Nesta entrevista a Época NEGÓCIOS, o professor explica o que são essas novas redes e por que elas são importantes.


--------------------------------------------------------------------------------



O que é a energia inteligente?
É uma energia em que os processos de geração, transmissão e distribuição são mais eficientes; esses sistemas são auto-recuperáveis – ou seja, agem independente da ação direta do homem, com a ajuda de sistemas de computação –; utilizam o máximo de energias limpas e renováveis; e são integrados diretamente com os clientes, nas casas e nas empresas.




--------------------------------------------------------------------------------



Por que o assunto está se ampliando neste momento?
Basicamente por causa da busca de maior eficiência energética para atender uma demanda por eletricidade que cresce de forma exponencial, enquanto os custos de implantação de novas fontes são muito altos. Nos Estados Unidos e na Europa, por causa de restrições ambientais, do risco de ações terroristas no sistema elétrico e de poucas alternativas, os problemas do custo de implantação das novas fontes de energia já estão sendo sentidos de forma mais forte. Por isso, eles partiram na frente, mas o problema é global.




--------------------------------------------------------------------------------



Existem algumas iniciativas hoje de rede inteligentes nos Estados Unidos e na Itália, por exemplo. Qual é o estágio dessas iniciativas?
Nos Estados Unidos, a maioria das empresas de energia está envolvida e existem organizações específicas, como o Departamento de Operação e Energia do próprio governo americano, que junta o regulador, as empresas de energia e os centros de pesquisa. Na Europa, o país que saiu na frente foi a Itália, principalmente por causa da escassez de fontes de energia. A maior empresa do país, a Enel, substituiu todos os medidores de energia eletromecânicos por medidores eletrônicos com comunicação. Eles implantaram 27 milhões.




--------------------------------------------------------------------------------



Existem casos concretos que mostrem os ganhos que o conceito pode gerar?
Sim, nos Estados Unidos há várias empresas focando em geração distribuída e automação intensiva nas redes elétricas e que já tiveram retornos. Na Itália, cujos resultados após a implantação são apresentados em todos os seminários internacionais, a Enel afirma obter economias de 500 milhões de euros por ano com o novo sistema (a implementação custou 2 bilhões de euros).




--------------------------------------------------------------------------------



Qual é o ganho que o conceito pode trazer para as indústrias e grandes empresas?
Aumento da disponibilidade e segurança no fornecimento de energia para os seus processos, redução dos custos na compra, qualidade da energia fornecida e menor duração dos períodos de falta de energia.




--------------------------------------------------------------------------------



Como está o desenvolvimento no Brasil?
No Brasil, embora existam representantes de empresas americanas oferecendo soluções de redes inteligentes, poucas distribuidoras de energia do Brasil avaliaram internamente a aplicação deste conceito, principalmente por envolver recursos extras, não cobertos pelas tarifas atuais, e, talvez, por não verem uma participação mais ativa do regulador, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Apesar disso, há um aspecto no Brasil que tende a viabilizar os planos de negócios das empresas: o combate às perdas comerciais, que são extremamente elevadas.




--------------------------------------------------------------------------------



Existe o risco de o país ficar para trás nesse campo? Quais seriam as conseqüências disso?
O risco é de não aproveitarmos uma excelente idéia que ajudaria no crescimento do país reduzindo o Custo Brasil, já que a energia elétrica é um bem essencial e escasso para todos. Há também o risco de não desenvolvermos as nossas empresas nesta tecnologia. No caso da Itália, a Enel, após a implantação da sua solução, associou-se a outras empresas e criou uma empresa que revende as suas ideias e tecnologia para outras empresas no mundo . O conceito de redes inteligentes utiliza de muita tecnologia de ponta.

Nenhum comentário: